Pequenos investidores que entraram em criptomoeda agora veem como não conseguem recuperar suas economias devido à iliquidez do sistema
O enésimo capítulo do caos no mercado de criptomoedas após vários episódios de falência, iliquidez e incerteza para os investidores que entraram nesses ativos atraídos por sua aparente rentabilidade fácil. A plataforma de negociação (‘exchange’) de criptomoedas e outros ativos criptográficos (NFT) Binance reverteu sua intenção de adquirir a FTX, que passa por dificuldades financeiras, após análise de suas contas e devido a possíveis investigações por parte das autoridades norte-americanas, deixando assim seu rival à beira do colapso.
“Como resultado da devida diligência corporativa, bem como de notícias recentes sobre o uso indevido de fundos de clientes e supostas investigações de agências dos EUA, decidimos que não buscaremos a possível aquisição da FTX.com”, a Binance confirmou apenas um dia depois de anunciar um acordo para comprar a plataforma. Em uma breve mensagem por meio de seu perfil no Twitter, o CEO da Binance, Changpeng Zhao, lamentou o fracasso da transação. “É um dia triste. Tentámos, mas…».
A esse respeito, a Binance explicou que, embora inicialmente esperasse ajudar os clientes FTX a fornecer liquidez, acabou reconhecendo que os problemas estão além de seu controle ou capacidade de ajudar. “Toda vez que um grande player de uma indústria falha, os consumidores de varejo sofrem”, lamentou a plataforma, que, no entanto, considera que o ecossistema criptográfico está se tornando mais resiliente. “À medida que os quadros regulatórios se desenvolvem e a indústria continua a evoluir para uma maior descentralização, o ecossistema se fortalecerá”, enfatizou.
Na passada terça-feira, a maior plataforma de negociação de ‘cripto’ anunciou a sua intenção de vir em auxílio da FTX face aos problemas de liquidez desta plataforma, embora Changpeng Zhao já tivesse avisado então que a operação ainda tinha de passar pelo processo de investigações preliminares. A Binance pode se retirar a qualquer momento do acordo.
O problema vem de antes. Tanto é assim que já em 2018 o supervisor das bolsas de valores e o regulador do setor financeiro antecipavam qualquer conflito pelo qual os cidadãos possam ser afetados pelo uso de moedas virtuais como o ‘bitcoin’, a principal moeda virtual do mundo. A Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) e o Banco da Espanha emitiram um comunicado conjunto no qual alertam que este tipo de investimento “não pode se beneficiar de nenhuma das garantias ou proteções previstas” na regulamentação vigente.
Desde então, os pedidos de atenção e advertências do Banco da Espanha e da CNMV têm sido constantes, principalmente após cada capítulo em que uma nova empresa de criptomoedas anunciava falta de liquidez ou impossibilidade de restituição dos recursos investidos, principalmente devido a pessoas físicas.
